A presente edição retoma a última versão da obra publicada em vida por José Cassiano Neves (Lisboa, Edição da Câmara Municipal, 1954) incorporando-lhe as anotações feitas pelo autor no seu exemplar de uso pessoal, que se conserva no Arquivo Particular do Palácio Fronteira. A última edição deste livro foi realizada em 1995 pela Quetzal Editores e preparada por Dom Fernando Mascarenhas em colaboração com Vera Mendes. Apesar de ter tido em conta a revisão autoral de Cassiano Neves, essa edição afasta-se do texto original, incluindo no corpo do texto, entre parêntesis rectos, comentários e anotações da lavra dos editores, que justificaram a sua intervenção do seguinte modo:
Encerra este palácio, salas de grande valor artístico e histórico e diversas dependências comunicantes que, sofreram, naturalmente, modificações e ampliações não sendo possível determinar com exactidão o processo evolutivo. A decoração da Casa sofreu, naturalmente, grandes alterações desde a última edição desta obra. A descrição que se segue corresponde à disposição dos móveis e quadros no momento da saída desta edição, embora usando sempre que possível as palavras do autor. Para a decoração nos anos 40 e 50 vejam-se as 1.ª e 2.ª edições desta obra.(p. 34)
Nesta quarta edição, optou-se por regressar ao texto original de José Cassiano Neves e fixá-lo a partir da última versão que o autor reviu. Para além de respeitar a sua última vontade em relação à sua obra, esta opção editorial permite alertar os leitores para a densidade histórica dos espaços descritos, e dar conta de diferentes usos e modos de disposição do seu recheio, inevitáveis num local habitado. A reprodução do texto integral de José Cassiano Neves, que em algumas zonas pode considerar-se desactualizado, tem, contudo, a virtualidade de documentar o estado dos conhecimentos sobre o Palácio Fronteira na época em que escreveu. Note-se que foi, em grande medida, graças ao impulso dinamizador dado por Dom Fernando Mascarenhas à investigação sobre o conjunto arquitectónico e paisagístico do Palácio Fronteira, que se sabe hoje muito mais sobre o edifício e a sua área envolvente do que era possível saber então. Nesta ordem de ideias, as correcções feitas em 1995 por Dom Fernando Mascarenhas ao texto de Cassiano Neves representam uma reconfiguração dos dados conhecidos sobre o tema e por isso foram recuperadas nesta nova edição, na qual surgem em nota, identificadas com as suas iniciais (F. M.). Há, no entanto, duas descrições de dependências do Palácio redigidas por Dom Fernando Mascarenhas para a edição que coordenou, que excedem a natureza e as dimensões de simples notas e foram, por esse motivo, reproduzidas em apêndice.
Prevê-se, para breve, a publicação de uma obra de síntese dando conta das descobertas mais recentes relacionadas com esse espaço privilegiado, também com o apoio da Associação dos Amigos da Fundação das Casas de Fronteira e Alorna.
Vanda Anastácio