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Catálogo > Livros > Pequenos Tesouros > Júlio Pomar, Desenhos para «Guerra e Paz» de Tolstói - Prefácio João Lobo Antunes

Júlio Pomar, Desenhos para «Guerra e Paz» de Tolstói - Prefácio João Lobo Antunes

Júlio Pomar

44,00 €

Desenhos de Júlio Pomar

Prefácio de João Lobo Antunes

Edição especial 2018

Com o patrocínio de:
Fundação Oriente
Fundação Calouste Gulbenkian
Fundação Júlio Pomar

 

Uma das características de qualquer obra de qualidade, seja na literatura, na música ou na pintura, é inspirar em nós o desejo evangélico de a partilhar. Por isso não posso deixar de dizer que se este livro serve algum propósito, ele deveria ser o de despertar, em quem o folhear, o desejo de ler a obra-prima de Tolstói. Só assim se apreciará plenamente as ilustrações de Pomar e perceberá como ele conseguiu extrair-lhe a essência, penetrar até à medula, para depois a transmudar numa expressão plástica diferente e original. Entenderá também a razão porque a memória não deixou que ele esquecesse estes estudos e lhe segredou no momento certo que algures, no cafarnaum do seu atelier, repousavam as legendas que ele havia escrito para uma das mais geniais criações do espírito humano. Elas aqui estão agora, para nosso encanto, revelando mais uma face, esta longamente velada, da obra de um Mestre.

João Lobo Antunes

SOBRE OS AUTORES

Se fosse – não é, nunca seria – preciso uma razão para voltar a editar os Desenhos para Guerra e Paz de Tolstói de Júlio Pomar apresentados por João Lobo Antunes, o encontro entre os dois, tão extraordinário como natural, torna este livro indispensável.

Júlio Pomar e João Lobo Antunes. Eram dois homens que representavam o espírito da Renascença, a unidade entre a racionalidade e a paixão, a fusão entre a ciência e a arte. Pertenciam ambos a uma geração sábia.

 

Reedição de uma obra fundamental

É com grande sentido de responsabilidade que escrevo este prefácio para a reedição do livro que promoveu o feliz encontro entre duas personalidades ímpares do nosso Portugal contemporâneo: Júlio Pomar e João Lobo Antunes. O pretexto para este rendez-vous surpreendente, como é sabido, foram os estudos dos desenhos com que Júlio Pomar ilustrou a edição do livro Guerra e Paz, de Tolstói, traduzido por João Gaspar Simões e publicado pela primeira vez, em Lisboa, em 1958.

Se, como João Lobo Antunes anunciava no Prefácio original, «Todo o livro tem uma biografia, muitas vezes exposta num prefácio que o procura explicar, sem cuidar de saber se o livro gosta que o expliquem», neste caso, como a reedição desta obra não carece de qualquer explicação, a minha tarefa está mais facilitada.

Dos estudos originais de Júlio Pomar, mais de 70 foram autonomamente publicados, em 2003, numa publicação em que João Lobo Antunes, mais do que prefaciar, ilustrou não apenas a capacidade do pintor e amigo em ultrapassar a própria geometria das formas, que os seus desenhos denunciam, como também, pelo caminho, toda a sua própria erudição, humanismo e empatia com a realidade envolvente.

Sobre a vida e a obra de Júlio Pomar, salienta-se a sua capacidade de nos transportar imediatamente para uma realidade esteticamente conformada que não é alheia à relação entre a teoria e a prática ou a política e a arte, que interiormente o caracteriza. Como admiravelmente exprimiu Mário Dionísio, um dos seus maiores admiradores, em Júlio Pomar a «revolução na rua» e a «revolução na tela» encontram-se indissociavelmente ligadas.

Ainda hoje, com efeito, a sua obra – que vai do neo-realismo ao expressionismo e ao abstraccionismo e da pintura à crítica da arte, passando pela azulejaria, pela tapeçaria, pela cerâmica, pela gravura, pela cenografia e pela escultura – tanto pode ser vista em exposições e em museus como em edifícios e em espaços públicos, mantendo viva essa vontade de intervir na realidade através da arte, objectivo que também caracteriza a acção da Fundação Calouste Gulbenkian.

Não terá sido estranho, por isso, que o percurso de Júlio Pomar se tenha tantas vezes cruzado com o da Fundação, desde o tempo em que o ainda jovem pintor foi nosso bolseiro, em Paris, passando pelas várias exposições que fez ou em que participou tanto no Centro Cultural da Fundação, em Paris, como no Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa, onde a sua obra continua merecida e relevantemente representada na sua Colecção Moderna.

João Lobo Antunes, do mesmo modo, foi um amigo muito estimado da Fundação, com a qual tantas vezes generosamente colaborou e à qual emprestou sempre a sua inteligência, dedicação, sensibilidade e conselho sábio. Profundo conhecedor da sociedade, das instituições e das pessoas, a ele recorremos em alturas importantes e difíceis da vida da Fundação. O seu contributo, em muitos casos, para além de enriquecer e dar robustez às decisões que pretendíamos tomar, antecipava os problemas que a sociedade iria enfrentar no futuro, o que dava à sua opinião um valor inestimável, sobretudo para uma organização filantrópica como a nossa, que se preocupa em identificar e enfrentar hoje os problemas que estão para lá do tempo presente.

O prestígio de João Lobo Antunes na academia, nas ciências biomédicas ou nos meios da saúde davam-lhe uma mundividência que também se reflectia na sua qualificada experiência de neurocirurgião. Professor, intelectual e médico, mas sobretudo um profissional muito humano, atento, disponível e tranquilizador, um humanista sensível e compassivo, que deu conforto e esperança a tantas famílias. A um invulgar espírito de missão, João Lobo Antunes juntava assim um exemplar sentido de serviço público, bem como, naturalmente, o brilho dos predestinados por muitos talentos, que não os guardaram para si, mas que os souberam desenvolver e colocar ao serviço de Portugal e dos portugueses.

Por todos estes motivos, a Fundação associou-se e apoiou a reedição deste livro há muito esgotado, prefaciado por João Lobo Antunes, esperando também contribuir para promover o conhecimento de Guerra e Paz, essa obra fundamental da natureza humana a que tantas vezes regressamos.


Isabel Mota
Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian

 

Legado de uma geração sábia

Se fosse – não é, nunca seria – preciso uma razão para voltar a editar os Desenhos para Guerra e Paz de Tolstói de Júlio Pomar apresentados por João Lobo Antunes, o encontro entre os dois, tão extraordinário como natural, torna este livro indispensável.

Júlio Pomar é um artista incomparável, cujo génio criativo se exprime na liberdade de pintar e de desenhar em todos, ou quase todos os estilos e em todas as formas, incluindo ilustrar a tragédia da primeira grande guerra europeia contada por Tolstói. As vinte e quatro ilustrações da Guerra e Paz, publicada em 1956 na tradução portuguesa de João Gaspar Simões, assim como esta edição dos Desenhos para Guerra e Paz publicada pela primeira vez em 2003, resumem o essencial. O fim do ancien régime – e, como dizia Talleyrand, da joie de vivre – resulta da violência inédita da guerra de massas, onde se perde o próprio conceito de vitória. As festas da aristocracia representam um passado que não pode sobreviver nem ao choque entre exércitos de centenas de milhares de homens, nem ao massacre dos civis russos, que são o pretexto para Pomar evocar as gravuras de Goya que não nos deixam esquecer os fuzilamentos dos resistentes espanhóis pelas tropas napoleónicas. Reunir Tolstói e Goya é uma forma admirável de sublinhar a dimensão europeia das Guerras da Revolução e do Império, que fundaram o nosso tempo.

João Lobo Antunes, um médico excepcional e um grande cientista, é também um  homem de cultura e um humanista preocupado com as questões éticas fundamentais sobre a vida e a morte, que teve de enfrentar tantas vezes. O seu deslumbramento com os desenhos de Júlio Pomar fica patente num texto cuja qualidade é a medida tanto da sua erudição artística e literária, como da inspiração que pôde encontrar no trabalho do seu amigo – a capacidade única e vertiginosa de Pomar para retratar o movimento dos bailes da aristocracia, das cargas de cavalaria ou do desespero dos fuzilados.

Tive o privilégio de conhecer pessoalmente Júlio Pomar e João Lobo Antunes. Eram dois homens que representavam o espírito da Renascença, a unidade entre a racionalidade e a paixão, a fusão entre a ciência e a arte. Pertenciam ambos a uma geração sábia, que descobriu, nas tragédias do passado e na sequência imparável de guerras gerais que estava a começar, há mais de dois séculos, nos tempos da Guerra e Paz, o segredo de impor aos Europeus como um imperativo categórico a norma implícita na máxima de Heródoto: «Nenhum homem pode ser tão estúpido que prefira a guerra à paz».  


Carlos Monjardino
Presidente da Fundação Oriente

 

 

Reedição do livro Desenhos para Guerra e Paz, de Júlio Pomar e João Lobo Antunes

Intervenção na apresentação do livro no Auditório 3 da Fundação Calouste Gulbenkian

Professor Guilherme Oliveira Martins (em representação da Presidente da FCG), Dr. Carlos Monjardino, Dr. Luis Nazaré Gomes, família de Júlio Pomar, Teresa e filho, Alexandre Pomar, família de João Lobo Antunes, filhas, genro e cunhada.

Começo pelos agradecimentos.

Ao Luís Nazaré Gomes a lembrança de reeditar esta obra. Tenho a confessar que ele é de uma enorme persistência e não desiste facilmente e, por isso, estamos aqui hoje.

Ao Carlos Monjardino, um grande amigo (da pequena lista dos que o João considerava grandes amigos) que logo na primeira vez que fomos à Fundação Oriente, de forma tímida e com um exemplar da 1ª edição, imediatamente se interessou e disponibilizou a cofinanciar a reedição.

Por último, à Dra. Isabel Mota (que hoje não pode estar presente por motivos pessoais) e à FCG que nos recebe e que também aceitou com entusiasmo a parceria.

Assim surge uma nova edição de uma obra de arte de 3 artesãos: o Júlio Pomar com os seus desenhos, o João Lobo Antunes com a sua prosa e o Luís Nazaré Gomes com a construção do livro.

Conheci a Teresa e o Júlio Pomar num jantar em casa deles em 2002, na Rua do Vale em frente do recentemente criado Atelier-Museu Júlio Pomar. Bairro mais lisboeta não era possível assim como a casa antiga, lindíssima. A mesa na pequena casa de jantar de paredes de pedra, era também uma obra de arte! A Teresa usou uma toalha de organza branca, transparente e bordada sobre um tecido brocado vermelho escuro. Mais tarde copiei a ideia e não foi fácil encontrar os materiais! Presentes também a Maria João Avillez e o Francisco.

O João e o Júlio Pomar desapareceram para o atelier, no piso de cima, e voltaram radiantes. O João segredou-me: já decidimos o que vamos fazer juntos.

Curiosamente, eles tinham-se conhecido também num jantar e, após uma longa conversa destes dois homens superiores sobre a sua arte, despediram-se com o compromisso de fazer obra conjunta.

Os estudos para os desenhos para o livro Guerra e Paz estavam esquecidos há muito num baú, eram mesmo muitos e estiveram em nossa casa 10 meses, o que levava o João a repetir várias vezes em público: temos em casa mais de 200 desenhos do Pomar.

Combinação feita, decidiu o João voltar a ler Tolstói pelo que foi buscar a casa dos pais, em Benfica, os 3 volumes da Guerra e Paz, numa edição muito antiga de 1371 páginas!  

Os desenhos de Pomar, feitos com pincel chinês e tinta da china, pintor em pé e papel no chão, são inclassificáveis de movimento e graciosidade: o gato que nos mostra o dorso, o cão a saltar, o galo pendurado pelos pés…

O texto do João é fascinante, entre o distante e o íntimo. A arte plástica era também uma sua paixão como aliás escreveu nalguns dos seus textos. E cito:

… artes plásticas e neurocirurgia são, ambas, artes mediadas por instrumentos cuja manipulação é, a pouco e pouco, absorvida na fluência do movimento em que se atinge um confortável domínio da técnica quando não é possível distinguir o pincel ou o bisturi da mão que o segura…

Também a imagem da face que tanto fascina pintores era objecto de estudo e de comparação: … a imagem da face conta sempre uma história… e usamos metáforas faciais – a coisa está feia, o tumor tinha má cara…

Diz João Lobo Antunes … os artistas são (sem saberem) neurologistas  que investigam a organização  do cérebro visual com as técnicas próprias do seu ofício e desvendam leis que regem os sistemas neuronais…

George Steiner lembra que uma narrativa com a vastidão da Guerra e Paz obriga a criar uma epistemologia visual que permita identificar as personagens como os óculos do Pedro ou o buço da triste princesinha que morre de parto. “Ler” os 200 desenhos de Pomar é visualizar toda a narrativa de Tolstói. “Ler” o prefácio de Lobo Antunes é saborear a sua escrita, tão rica, tão metafórica, tão culta, tão inspiradora.

O prefácio do João não é daqueles, como ele diz, que lhe lembram o papel de prata que envolve o chocolate, se amarrota e se deita fora. Ler João Lobo Antunes é sempre um momento de prazer.

O Júlio e o João gostaram de fazer este livro com o Luís e gostam com certeza de saber que o reeditamos e que hoje, aqui, os seus amigos os lembram com enorme, enorme saudade.

 

Maria do Céu Machado
Lisboa, 27 de Novembro de 2018


 

Ano de edição: 2018

Formato: 25x29

Encadernação: capa dura com sobrecapa

Páginas: 168

Classificação: Pequenos Tesouros

 

Júlio Pomar, Desenhos para «Guerra e Paz» de Tolstói - Prefácio João Lobo Antunes

 
 
     
 

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