O Canto da Cigarra – Sátiras às mulheres parece ter sido inspirado pelo amor impossível a uma jovem de quem, temporariamente, se afastou e com quem veio a casar-se mais tarde. Magoado e desiludido, traz à tona, neste conjunto de poemas, a sua veia de crítica mordaz das mulheres e da sociedade da época. A mulher aparece, assim, desdenhada, alvo constante a abater, antes de o sentimento, o afecto ou o interesse se tornarem fortes e duradoiros. Uma atitude de sobranceria apaziguada no culto da sátira lírica.
Editadas em 1909, já «desbastadas das mais cortantes arestas», estas sátiras são o resultado de um período intenso de leituras oitocentistas sobre a mulher.
E – Porque é dentro dos ouriços/ Que se encontram as castanhas – esta é uma obra que, deixando de fora os valores feministas, consente a todos uma leitura aprazível na descoberta de algumas meias-verdades jocosas, que são o quotidiano da vivência em sociedade.
do Prefácio de Gabriela Carvalho
SOBRE OS AUTORES
Augusto César Ferreira Gil nasceu em 1873 no Lordelo do Ouro e viveu na Guarda, a sua «sagrada Beira», onde passou praticamente a infância e cujo ambiente frio e invernoso serve, em constância, de cenário aos seus versos.
José Herculano Stuart Carvalhais foi artista, caricaturista, humorista, ilustrador, pintor, cujo génio criativo permitiu expressar a sua visão do espaço e das gentes.