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Educar com um sorriso

Maria João Machado

18,00 € 16,20 € (-10%)

Não sabemos se a Autora destes textos, que nos deixou tão prematuramente, concordaria sobre o interesse da sua edição póstuma. Já não temos maneira de saber…

Quem a conheceu recorda que era afável, expansiva e corajosa, mas de pouco protagonismo. Confiante, transmitia segurança no que fazia; na sua profissão como na vida familiar. Porém, reservava-se um pouco diante da exposição pública e talvez não se valorizasse como poderia. E argumentos e factos não faltavam para essa valorização…

A educação, e em particular a educação pré-escolar foi a sua paixão profissional. Desde muito cedo, posso testemunhá-lo. O entusiasmo com que agarrava um grupo a cada ano letivo, a imaginação que possuía para executar um plano formativo, ou simplesmente para os momentos lúdicos e para os projetos na Escola, contagiavam qualquer um. Escrevo-o por me lembrar como relatava em casa, mesmo quando (a)parecia extenuada, muitas vezes sem voz, o que fizera e o que se propunha fazer, e nesse mesmo sentido foram sempre muitos os testemunhos de colegas que com a João trabalharam ao longo dos 34 anos de carreira.

A educação, como a entendia, é simultaneamente uma instituição, um direito constitucional, uma profissão, um ato cívico e um conjunto vastíssimo de saberes-fazer práticos (com princípios ético-filosóficos). E sentido prático não lhe faltava, aliado a uma grande imaginação e capacidade de improvisação, bem como uma particular desenvoltura, que herdou, inequivocamente, do Pai.

Mas a densificação conceptual e autorreflexividade não lhe faltavam. Isso notava-se, embora não quisesse fazer notar, por modéstia as mais das vezes. A Maria João não se satisfazia apenas com o agir: o saber era promovido não como uma praxis de reiteração (género «mais do mesmo»), mas como um princípio ativo ao qual a ação se subordinava. Nada era, verdadeiramente, por acaso e engraçado: era necessário e fundamentava-se num projeto educativo.

Dei-me conta, já depois de nos ter deixado, que nunca estive numa sala de aula observando o seu trabalho, e também não foram assim tantas as vezes que visitei as suas salas, vazias de meninos no final do dia, nas férias, mas onde eram visíveis o trabalho realizado e o compromisso com o futuro imediato daquela miudagem. Não pareciam salas-modelo, para inspetor ou político verem: eram salas de trabalho para crianças reais em processos de aprendizagem e socialização concretos.

Lamento muito que tal observação naturalista, pela minha parte, não tenha ocorrido. Desconheço se existem vídeos ou registo áudio de algumas das suas atividades. As poucas imagens que encontrei mostram uma pessoa feliz, junto com as crianças que educou. E pensando bem, recordo-me apenas de uma espreitadela fugaz que a Maria João fez, já nem sei precisar quando, de uma aula minha na UAL. Há, de facto, circunstâncias quase misteriosas, incompreensíveis, das quais apenas nos apercebemos já demasiadamente tarde. Seria, por certo, uma recordação adicional muito gratificante tê-la visto em ação num Jardim-de-infância.

A ideia original de reunir alguns textos da Mãe deve-se à filha Beatriz. O alvo apontava para os escritos entre 1999 e 2005, publicados na Revista Pais&Filhos, na rubrica «Dos 3 aos 5 anos». Constatámos que existiam as versões digitais de muitos, da esmagadora maioria deles, havendo uns quantos que se perderam (restando a tarefa árdua de uma pesquisa pelas edições correspondentes desta Revista, a qual não tentámos por falta de tempo e falta de lugar onde procurar). O(a) Leitor(a) identificará facilmente as crónicas que faltam em cada ano, descontados os meses estivais de defeso da revista Pais&Filhos.

O formato tripartido que a presente publicação veio a tomar, nesta versão que tendes entre mãos, decorre das conversas subsequentes que surgiram. Desde logo, e numa I Parte, os textos direcionados aos Pais e demais educadores, também para um público mais geral (numa ótica de pedagogia cívica). Para os Pais, estes testemunhos pessoais foram, porventura, inspirados – entre outros – em autores como Brazelton, por quem a Maria João tinha grande admiração, textos com os quais pretendia transmitir experiências, dar exemplos concretos de grande utilidade, sensibilizar para temas e problemas atuais na educação dos nossos filhos, ou seja, dos problemas mais comuns com que os pais se confrontam durante o crescimento e desenvolvimento dos filhos, sobretudo em idades ainda relativamente precoces (dos 3 aos 5 anos). Para os outros educadores, as preocupações e objetivos eram, essencialmente, de partilha de experiências pedagógicas em contexto de sala de aula.

Foram textos escritos para os leitores da Pais&Filhos, muito curtos (como era exigido pela editora), mas de grande acerto e oportunidade, como tantas vezes lhe diziam as Leitoras, algumas delas espontaneamente quando a reconheciam na rua, no café, na escola. Lembro-me que circulavam fotocópias… Acima de tudo, e talvez por isto mesmo, destinavam-se a todos, com mais ou menos capacidade económica, pais mais velhos ou mais novos, pais de filhos únicos ou rodeados de crianças em casa. O olhar da Maria João era muito plural, necessariamente subjetivo, mas enriquecido e filtrado por experiências muito diversificadas.

Nesse sentido, e porque a educação, enquanto instituição social, também é feita de regularidades sociais, que não impedem a mudança (tantas vezes reclamada pela Autora), muitas das ideias e sugestões contidas nestes textos são de grande atualidade: não perdem valor facial! O que parece uma contradição – desejar a mudança e simultaneamente trabalhando práticas sociais de reconhecido interesse e atualidade – é, afinal, a assunção de que a cultura é o produto de uma história coletiva que se pretende preservar e transmitir às gerações emergentes, ao mesmo tempo que a inovação e a experiência são o alimento de uma prática educativa que não pode cristalizar. Não terá sido isto mesmo um dos legados da Maria João?

Na II Parte deste livro, decidimos publicar um texto com uma ambição diferente e que entendemos oportuníssimo. Trata-se do seu trabalho final do Curso de Qualificação Supervisão Pedagógica e Formação de Professores, do ISE, realizado em 2000, e intitulado «Escola e Envolvimento Parental - um estudo de caso no pré-escolar». É um texto sobre educação formal, muito influenciado pelas leituras sociológicas e socio-ecológicas que nessa época fazia, conivente comigo e com os amigos sociólogos, e é sem dúvida uma reflexão muito atual.

Costumava eu dizer, quando falávamos sobre estas suas ideias, ou quando comentava com colegas o trabalho que desenvolvia com as crianças e os pais, que a Maria João intuía a teoria da ecologia social do desenvolvimento de Urie Bronfenbrenner, que de resto usou e citou no seu trabalho. Digo-o porque, tanto quanto sei, não estudou as suas ideias no Magistério, tendo recebido então formação (entre muitas outras orientações) sobre a teoria do desenvolvimento cognitivo, de Piaget, ou seja, numa vertente mais direcionada para uma Psicologia Infantil, do desenvolvimento mental, social e emocional das crianças, e menos para a ecologia social do desenvolvimento infantil. Mas foi com as ideias do psicólogo russo que muito se identificou, interpretando-as na sua prática pedagógica em tantos dos lugares onde exerceu.

O território de intervenção da Educadora e Autora deste estudo, e o alcance da sua atividade, situavam-se claramente nos níveis micro e mesossistémico considerados por Bronfenbrenner (1979). Nesses níveis, com recurso a uma intervenção naturalista e também planeada (a partir da Escola e do seu programa Educativo), a sua influência, tanto quanto a sua perspicácia, manifestavam-se em plenitude, centradas na ação das famílias, no envolvimento parental, no comportamento das crianças, e orientadas para a promoção daqueles ecossistemas. No fundo, o seu pensamento pedagógico e a sua ação como profissional de educação, e, portanto, como elemento integrante do microssistema e do mesossistema das crianças e famílias com as quais trabalhou, traduziam-se numa tentativa, tantas vezes bem-sucedida, de influenciar positivamente alguns dos processos proximais que marcam o desenvolvimento de uma criança que frequenta o Jardim-de-infância. Também houve frustrações, incompreensões, desilusões e intervenções que correram menos bem. É da vida! Mas nunca a vi desmoralizar por isso: era a resiliência em pessoa.

Outros trabalhos, tantos outros projetos, de investigação, de formação, de sensibilização, de administração escolar (coordenação, supervisão pedagógica, presidência de órgão escolar), apontamentos curiosíssimos, ficaram de fora desta edição. Não era tarefa viável organizar e consolidar toda a documentação relevante, tantas foram as pastas no computador e muitos os manuscritos que nos deixou.

Os testemunhos dos colegas e (alguns) alunos constituem a III Parte deste livro. Nas suas diferentes condições profissionais e de relacionamento pessoal com a Maria João, aceitaram participar. Aqui cabe uma palavra de agradecimento adicional à Alexandra Coelho pelo seu testemunho (transcrito) e pela mobilização de pais e alunos que não conhecíamos.

Pareceu-nos que os testemunhos recolhidos, alargados o mais possível aos diferentes contextos onde trabalhou e deixou a sua marca, complementam bastante bem um retrato profissional e ajudam a compreender quem foi e o que pensava esta grande mulher e profissional de educação.

Foram mais de três décadas de empenho profissional muito competente, sério, sem concessões, e de um pendor fortemente humanista, que começou timidamente em Estremoz no ano de 1983 e terminou abruptamente, ditado pela doença, no Agrupamento de Escolas Marquesa de Alorna, em Lisboa, em 2017.

Nesses anos todos passou por tantos lugares… (de memória: Estremoz; Bobadela (Loures); Brandoa (Amadora); Fetais (Loures); Ponte de Lousa (Loures); Benfica (Lisboa); Freixo de Espada à Cinta (Bragança); Ourém (Santarém); Caranguejeira (Leiria); Benfica (Colégio Fernão Mendes Pinto); Quinta da Paiã-Urmeira (Odivelas); Instituto de Apoio à Criança (Lisboa); ainda nos Bairros Padre Cruz e Horta Nova (Lisboa) e, por último, Jardim-de-infância Mestre Arnaldo Louro de Almeida (MALA para os amigos), ao Rego (Lisboa). Se me conheço, deve estar em falta algum… e, por certo, esta diversidade de lugares (Norte, Centro, Grande Lisboa) e condições (escolas públicas, escolas privadas), também sociais (zonas urbanas desfavorecidas, zonas rurais; meios socialmente privilegiados) influenciou determinantemente as suas ideias sobre educação, reforçando ao mesmo tempo o seu conhecimento sobre a realidade da educação pré-escolar em Portugal. Foram muitas centenas de crianças, pais e encarregados de educação, pessoal auxiliar, administrativo, diretores e colegas de profissão a beneficiarem de uma capacidade invulgar de trabalho e um forte sentido de serviço público.

A Maria João Machado, a minha Jon, deixou-nos a todos com muitas saudades: pelo seu sorriso, pela sua postura, pela sua integridade e coragem pessoais, e sem dúvida, pela sua inteligência social e emocional unanimemente reconhecidas.

 

Paulo Machado, 12 de fevereiro de 2019

Ano de edição: 2019

Formato: 16x23

Encadernação: capa mole

Páginas: 192 a 1 cor

Classificação: Outros Temas

 

Educar com um sorriso

 
 
     
 

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