Um novo livro de Adalberto Alves que se insere na sua obra
poética, espelhando uma voz singular, no panorama da poesia
portuguesa contemporânea. Aqui, revisita, uma vez mais, temas
que são caros e centrais na sua oficina poética, como
sejam a condição humana, a natureza da criação literária e o
enfoque metafísico. Os seus versos são sem tempo, nem escola
literária específica, e a sua matriz encontra-se na confluência
da epistemologia e da ontologia. Todavia, a reflexão filosófica
é sempre superada pelo sopro poético do universo interior do
Autor. Numa época em que a Literatura busca, como moda,
os caminhos da desconstrução, Adalberto Alves, de certa forma,
navega em contracorrente, ao procurar reconstruir tudo
no interior do Todo.
A sua obra poética e ensaística foi premiada, em 2008, pela
UNESCO.
SOBRE O AUTOR
Adalberto Alves deve ser dos poucos que, chegados ao Outono
da sua vida, sabem que dentro de si arde uma chama de
perpétua juventude, a conquista de se ter caminhado a si
próprio. Chama que no seu olhar expressa-se com ser melancolia
e compreensão, a de quem se reconciliou, depois de uma vida
de combates, com o severo olhar do Tempo, pai de todos os
deuses... Incansável viajante, árabe de coração e, quem sabe
nas suas lembranças,... Enamorado, como todo o místico, dos
resplendores da sua própria alma. Na sabedoria dos eremitas
do deserto - ou dos morábitos do Portugal islâmico - ou nas
entrelinhas do discurso de Krishnamurti, no qual desaparecem
Amante e Amado, mestre e discípulo, ficando o homem desnudo
envolto pelo silêncio.