English Version  |  Contactos  |  Localização  
 
Althum.com  

Rua Conde de Sabugosa, 7 1º dt.º
1700-115 Lisboa, Portugal
(+351) 218 409 406

 
 
HomeAlthum.comLivrosMúsicaEventosBusiness Registar  |  Login 0 Itens Carrinho
 
     
 

CATÁLOGO/

Livros

Património
Pequenos Tesouros
Projectos Especiais
Outros Temas

Música

DVD
CDs

Eventos

Eventos


PESQUISA/

Pesquisar

Procurar por/


# A B C D E F G
H I J K L M N O
P Q R S T U V W
X Y Z  

Catálogo > Livros > Projectos Especiais > Face aos Ferrolhos

Face aos Ferrolhos

Henri Michaux

18,00 €

Publicamos aqui a versão de “Face aux verroux” tal como foi editada pela Gallimard em 1967 na colecção Blanche. O texto inaugural intitulado Mouvements foi objecto de várias edições ilustradas. Aqui retomamos a versão do texto da edição de 1967, bem como as ilustrações da edição original de 1951 publicada pela Gallimard na colecção “Le point du jour” , dirigida por René Bertelé. Publicamos igualmente o “posfácio”, redigido pelo autor para a edição original de Mouvements.  Como é muito frequente em Michaux, os textos e as ilustrações foram objecto de múltiplas correcções, ao longo das reedições sucessivas. A complexidade das intervenções do autor justificaria um aparato crítico que tornaria a leitura consideravelmente pesada e que pareceria deslocado numa edição separada de uma obra isolada. Em compensação, os leitores encontrarão o detalhe destas variantes, acrescentos e correcções na edição da Pléiade dirigida por Raymond Bellour e que retoma o conjunto do dossier filológico.

Nota do Editor

Não sei bem o que é isto, estes sinais que fiz. Outros que não eu tê-los-iam explicado melhor, com o devido recuo. Preenchi mil e duzentas páginas com eles, e só via ondulações, quando René Bertelé lhes pegou e, hesitando e reflectindo, descobriu nelas uma espécie de sequências… e o livro que aqui está, mais obra sua que minha.
Mas e os sinais? Foi assim: Pressionavam-me a retomar as minhas composições de ideogramas, tantas vezes já retomados ao longo de vinte anos e abandonados por falta de verdadeiro sucesso, objectivo que parece estar de facto no meu destino, mas somente para a armadilha e o fascínio.
Tentei de novo, mas progressivamente as formas “em movimento” eliminaram as formas pensadas, os caracteres de composição. Porquê?  Sabia-me melhor fazê-las. O seu movimento tornava-se o meu movimento. Quantas mais havia, mais eu existia. Mais eu queria. Ao fazê-las, tornava-me outro. Invadia o meu corpo (os meus centros de acção, de repouso). Está muitas vezes um pouco longe da minha cabeça, o meu corpo. Agora tinha-o comigo, mordaz, eléctrico. Tinha-o como um cavalo a galope com o qual somos só um. Estava possuído de movimentos, todo tenso por estas formas que me chegavam a toda a velocidade, e ritmadas. Muitas vezes um ritmo dominava a página, às vezes várias páginas de seguida, e quantos mais sinais apareciam (um dia, quase cinco mil), mais vivos eram.
Embora esta – devo dizer experiência? possa ser revivida por muita gente, gostaria de avisar o amador de explicações pessoais que vejo aqui a recompensa da preguiça.
A maior parte da minha vida, estendido na cama, durante horas intermináveis, de que não me cansava, animava uma ou duas ou três formas, mas uma sempre mais depressa, mais como favorita, mais diabolicamente depressa que qualquer outra. Em vez de lhe dar coroa, riquezas, felicidade, vantagens terrenas, como se diz, dava-lhe, mesmo que ficasse por outro lado muito pobre, infundia-lhe uma mobilidade inusitada, cujo duplo e cujo motor era eu, embora imóvel e sem vontade de fazer nada. Punha-a sob tensão, enquanto era eu o desespero ou o desdém das pessoas activas.
Não teria feito aqui mais que repetir, menos ou mais, no papel, com tinta da china, alguns dos inumeráveis minutos da minha vida inútil…

R.B. faz-me notar que neste livro o desenho e a escrita não são equivalentes, o primeiro mais liberto, a segunda mais carregada.
Qual é o espanto? Não têm a mesma idade. Os desenhos, totalmente novos em mim, sobretudo estes, verdadeiramente a nascer, em estado de inocência, de surpresa; as palavras, essas, vindas depois, depois, sempre depois… e depois de muitas outras. Libertar-me, elas?  É precisamente ao contrário, por me ter libertado das palavras, essas parceiras pegajosas, é que os desenhos são soltos e quase alegres, é que me foi fácil fazer os movimentos deles, mesmo quando exasperados. Por isso vejo neles, nova linguagem, que vira costas ao verbal, libertadores.
Quem, tendo seguido os meus sinais, for induzido pelo meu exemplo, a fazer sinais segundo o seu ser e as suas necessidades, irá, ou estou completamente enganado, a uma festa, a uma libertação ainda desconhecida, a uma desincrustação, a uma vida nova aberta, a uma escrita inesperada, apaziguadora, em que poderá finalmente expressar-se longe das palavras, das palavras, das palavras dos outros
.

Henri Michaux

 

 

Tradução

Isabel Meyrelles
 M. Guia Prata Mendes

 

 

Ano de edição: 2022

Formato: 145x195

Encadernação: capa mole

Páginas: 232 a 1 cor

Classificação: Projectos Especiais

 

Face aos Ferrolhos

 
 
     
 

© althum.com - Todos os direitos reservados     info@althum.com | Site Map | Política de Privacidade