Rui Paiva intepreta, no órgão histórico do Mosteiro de Arouca, música ibérica dos mais importantes compositores dos séculos XVI e XVII.
O CD é acompanhado de livro bilingue (português/inglês), apresentando textos de Rui Vieira Nery, acerca do órgão e seu repertório na Península Ibérica, e de Gerhard Grenzing, responsável pelo restauro do órgão do Mosteiro de Arouca, acerca deste instrumento e do processo de restauro de que beneficiou.

Música ibérica dos séc. XVI e XVII
Órgão do Mosteiro de Arouca
Rui Paiva , Órgão
1. Diogo da Conceição (séc. XVII – Batalha do 5.º tom 6’16
2. Antonio de Cabezón (1510 - 1566) – Pavana con su glosa 2’00
3. António Carreira (c.1530 - c.1594) – Ave Maria, a Quatro 3’37
4. Canção a 4 glosada 3’43
5. Sebastián Aguilera de Heredia (1561 - 1627) – Obra de 8.º Tono Alto: Ensalada 5’43
6. Tiento de falsas de 6.º tono 2’16
7. Sebastián Durón (1660 - 1716) – Tiento de 1.er Tono - Gaitilla de mano izquierda 3’53
8. Manuel Rodrigues Coelho (1555 - 1635) – Segundo tento do primeiro tom por Dê La Sol Ré 6’32
9. Correa de Arauxo (1575 - 1654) – Tiento de medio registro de tiple de 8.º tono 4’40
10. Juan Cabanilles (1644 - 1712) – Pasacalles III de 3.º tono 5’57
11. Corrente italiana 3’33
12. Pedro de Araujo (1610 - 1684) – Meio registo de 2 tiples de 2.º tom 6’39
13. Phantasia de 4.º tom 7’22
14. Anónimo (Colecção de Antonio Martín y Coll, início do séc. XVIII) – Batalha famosa 7’29
Duração total 69’50
O órgão do Mosteiro de Arouca
O instrumento foi construído em 1739 por um dos artesãos mais representativos da organaria portuguesa do século XVIII, Emannuel Benedictus Gomez que, apesar de nascido em Valladolid, ao mudar-se para Portugal adoptou e desenvolveu as peculiaridades do
órgão do país que o acolheu, como bem demonstra o órgão de Arouca.
Mestre Gomes organizou habilmente o instrumento no espaço reduzido disponível. Colocou os registos de Flautados até aos Cheios no someiro e, num piso superior, as Flautas e Cornetas em Eco, que recebem o ar por meio de condutas largas em estanho. Para criar a simetria visual da Trompeteria de Batalha, Gomes atribuiu uma proporção quádrupla ao comprimento dos ressoadores em pavilhão da Trombeta Marina (mão direita), mas adaptou o resultado sonoro tornando-o equivalente a um registo de 8’. Outra particularidade é o registo de Flautado 24 (16’) em estanho, demonstrativo da mestria de Gomes, que nele duplicou os tubos da região aguda, mostrando claramente a procura de um som grave e fundamental.
Adaptado do texto de Gerhard Grenzing, no livro que acompanha o CD.
Rui Paiva
Nascido em 1961, concluiu o Curso de Órgão do Conservatório Nacional de Lisboa sob a orientação do Prof. Joaquim Simões da Hora. Como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, continuou os estudos de Órgão com a Prof.ª Montserrat Torrent no Conservatório Superior de Barcelona e, sob a orientação do Prof. José Luis González Uriol, concluiu os cursos superiores de Cravo e de Órgão no Conservatório Superior de Zaragoza.
Tem colaborado como organista e cravista com diversos conjuntos instrumentais e vocais, entre os quais os Segréis de Lisboa, o Coro e Orquestra Gulbenkian, a orquestra barroca Capela Real, o grupo de música barroca La Caccia e o Quarteto Arabesco. Como solista ou em grupo, apresentou-se em concertos em Portugal, Espanha, França, Bélgica, Itália, Holanda, Inglaterra, Croácia, Eslovénia, Polónia, E.U.A., Brasil e México.
Realizou várias gravações discográficas, com destaque para a música portuguesa dos séculos XVI, XVII e XVIII.
Rui Paiva foi, de 1989 a 2011, professor de Órgão no Conservatório Nacional, e é professor de Órgão e director da Academia de Música de Santa Cecília em Lisboa.