Com o FOGO, A BRASA E A CINZA, o último trabalho de Adalberto Alves, no âmbito poético da sua vasta obra literária, onde pontificam também, entre e várias outras, as facetas de ensaísta e pensador. O Autor continua a desbravar um caminho que muitos críticos consideram sem paralelo no panorama da lírica portuguesa contemporânea. Tal facto, levou a Biblioteca Nacional em 2020, a começar a celebrar esse trajecto com uma exposição sobre os 40 anos do seu percurso de obra e vida, a que se seguirão ainda outros, a levar a cabo em conjunto com a Universidade Lusófona, neste ano de 2021.
Adalberto Alves deve ser dos poucos que, chegados ao Outono da sua vida, sabem que dentro de si arde uma chama de perpétua juventude, a conquista de se ter caminhado a si próprio. Chama que no seu olhar expressa-se com ser melancolia e compreensão, a de quem se reconciliou, depois de uma vida de combates, com o severo olhar do Tempo, pai de todos os deuses... Incansável viajante, árabe de coração e, quem sabe nas suas lembranças,... Enamorado, como todo o místico, dos resplendores da sua própria alma. Na sabedoria dos eremitas do deserto — ou dos morábitos do Portugal islâmico — ou nas entrelinhas do discurso de Krishnamurti, no qual desaparecem Amante e Amado, mestre e discípulo, ficando o homem desnudo envolto pelo silêncio.